quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Séria subjugação


Por volta do ano 2001, uma senhora acompanhada por seu esposo nos procurou, dizendo sofrer um sério problema de obsessão. Disse que um espírito a tomava com freqüência, fazendo-a falar coisas impronunciáveis, com voz grave, diferente da sua, e que esses ataques aumentavam a cada dia, com várias incidências diárias. Ela não mais saía às ruas, evitando situações desconfortáveis.

Fizemos uma longa entrevista, procurando separar qualquer sinal de inconsistência em sua narrativa. Durante o atendimento, a tal criatura manifestou-se, transformando sua dócil imagem em algo assustador para os neófitos nesse tipo de trabalho. Em nosso breve diálogo, o espírito disse que não a abandonaria e que nós não conseguiríamos afastá-lo. Toda tentativa de estabelecer um diálogo foi infrutífera.

Iniciamos o tratamento e pedimos que o casal comparecesse às segundas-feiras, quando acontecia uma das nossas reuniões de desobsessão semanais, e em outro ambiente, um companheiro dirigia o estudo do Evangelho Segundo o Espiritismo com o grupo em tratamento. Essa ação sempre se mostrou eficaz, pois enquanto a criatura encarnada recebe o pão do Evangelho num ambiente fraterno e de paz, o espírito atormentado recebe ao mesmo tempo, a orientação equivalente, na reunião privativa aos médiuns.

Inicialmente manifestaram-se diversos espíritos que obedeciam ao comando do algoz principal. De acordo com as narrativas, depois de algumas sessões, o painel montado foi o seguinte:

Em época passada, no período da escravidão no Brasil, a senhora, que chamaremos de D. Maria, mantinha um sítio nas cercanias da Cidade do Rio de Janeiro, com objetivos de atender aos desejos dos cavalheiros em busca de prazeres. Sua equipe de meretrizes era formada, em geral, por mestiças, quando agregavam os dotes físicos de ambas as raças, que muito agradava a clientela. Sua cozinha era comandada por uma escrava mestiça, que vivia com um belo negro da propriedade, de nome Pedro. O casal tinha três pequenos filhos e vivia em relativa paz e felicidade. D. Maria, desejosa dos favores de Pedro, o obrigava a deitar-se em sua cama, o que revoltava sua esposa. Essa, por revolta, salgava ou queimava a comida, o que resultava em sérios castigos.

Depois de muitos embates verbais, D. Maria decide por um fim na situação, porque a escrava não conseguia manter a boca calada e já estava servindo de mau exemplo aos outros escravos. Envia Pedro a cidade vizinha, ra fim de eceber uma encomenda, viagem essa que demandaria alguns dias. Durante sua ausência, a senhora decidiu não mais suportar a humilhação e manda um dos seus capatazes matá-la e a seus filhos, jogando os corpos no rio. Prevendo a reação de Pedro, determina que o capataz elimine-o ao voltar, acreditando ter encerrado a questão.

D. Maria, de volta ao mundo espiritual, vive em suplício durante várias décadas, perseguida pelos que fez sofrer. Pede a Deus uma nova oportunidade e encarna em terras portuguesas. Casa-se com um compatriota e vem ao Brasil em busca de realizações financeiras. Depois de vários anos, quando beirava a terceira idade, Pedro, ainda no mundo espiritual a encontra, dando inicio a sua tortura obsessiva.

Embora D. Maria não se lembrasse do que ocorreu em outra oportunidade encarnatória, mantinha um sentimento ódio pelo seu algoz, dificultando sobremaneira qualquer tentativa de tratamento.
O interessante é que a subjugação chegou a tal ponto que o Espírito Pedro passou a envolvê-la libidinosamente, até as vias de fato, configurando a conhecida situação de incubus. Seu marido, reencarnação do capataz assassino, como sempre ao seu dispor, sofria e a amparava fraternalmente. Era um homem dedicado a ajudá-la em qualquer necessidade.

Nossos orientadores espirituais nos instruíram a fazer preces diárias e no mesmo horário, com objetivos de acalmá-los. Ela nos ligava todos os dias às 18:00 horas, quando orávamos pelo telefone, pedindo ao Pai ajuda àqueles espíritos. Em diversas ocasiões, ele se manifestava, dizendo palavrões e ameaças a minha pessoa ou à minha família. Juntamente com o tratamento, sempre recomendamos o trabalho no bem, pois, de acordo com Chico Xavier, obsessor não gosta de trabalho. A incentivamos a se alistar como voluntária em algum trabalho social, procurando doar-se incondicionalmente. Infelizmente ela o fazia da boca para fora, ou seja, ajudava cobrando a Deus o afastamento do irmão enlouquecido.

Conclusão. Acompanhamos essa senhora durante quatro anos, mais por caridade que por esperança de melhoria, mas ao final, ela não mais podia levantar-se da cama, vivendo sob forte efeito de medicamentos.

Casos como esse, em que ambas as criaturas se odeiam e não dão oportunidade ao entendimento, resultam em futuras reencarnações sofridas, muitas vezes como irmãos xifópagos, como o caso das meninas americanas apresentado no vídeo a seguir.

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